domingo, 21 de agosto de 2011

Olha pra mim

Nem importa quão alinhados sejam seus dentes,
Se você não sabe sorrir,
Ou quão bem cuidada seja sua pele,
Se você não consegue se deliciar com o vento.


Ainda que seu esmalte seja o mais cintilante,
Para que decorar suas mãos se elas não sabem distribuir carinho?


Para quê tanta máscara para cílios,
Se seu olhos não sabem enxergar o que é realmente válido?


Para que um sapato novo e branco,
Se na lama é que mais nos divertimos?


Para que conversar sobre seu carro do ano,
Quando há milhares de pessoas querendo apenas dividir novos planos e expectativas?


Muitas vezes, parece que menti,
Enganei-os.
Ao ir à padaria de pijamas,
Ao não escovar os cabelos antes de receber uma visita,
Ao ir de tênis a um casamento,
Ou entrar na igreja de decote.


Ao não fazer as unhas todas as semanas,
Enganei-OS.


Sim, OS que me olharam e não viram que minhas mãos não cintilam,
Mas criam, tocam, sentem e acariciam.


Que nunca notaram que meus cílios são pequenos,
Mas protegem meus olhos,
Loucos para dar uma piscadela pelo vidro da janela.


Enganei os que não viram nos meus pés,
Sapatos confortáveis, e que, pela terra úmida, levaram-me aonde eu queria.


Os que não me viram pegar um ônibus, pedir uma carona,
Ou que não estavam comigo quando acreditei no sonho de alguém,
Apenas por tê-lo ouvido.


Aqueles que também não me viram sonhar.


Enganei-OS, porque nao acreditaram que SOU muito e quase não TENHO nada.


E rindo, não perco por enganá-los!

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